Aqui entre nós e o pai...

A sociedade em geral festeja o dia dos Pais mas, e nós, filhas e filhos? Festejamos mesmo o fato de ter tido o pai que tivemos?

Você é o(a) filho(a) que um pai pediu a Papai Noel? Ou é daquele tipo que na maioria das vezes desconfia do pai, o desafia, e o enfrenta negativamente?

Em geral, um pai que se preza se sente orgulhoso de ver sua família bem provida de tudo que ele conseguiu trabalhar para realizar. O carro, a casa (ou o apartamento) e, às vezes, até o “apertamento” de uma situação. Mas também há casos em que o pai nunca assumiu sua responsabilidade e/ou até vive contrariado por “ter” de ser pai.

Muitos de nós quando crianças vivenciamos conflitos com nosso pai por não sentir que tínhamos atenção suficiente e crescemos rebeldes, mal criados e, até mesmo, frios e atrevidos em relação ao homem que nos deu a vida e, de alguma forma, contribuiu para nossa estrutura para o resto da nossa existência. Ao passo que alguns de nós adora o pai que nos dá um exemplo de honra por estar sempre nos dando a oportunidade de estudar, comer, sonhar até nos formar como adultos e voar...

Mas curtindo ou não nosso pai, a realidade é que temos UM homem especial que nos deu a vida, e caso este ser único para nós, dá apoio ou não, vive conosco ou não, divide sua atenção ou não, temos um profundo sentimento de conexão com ele que fisicamente nos ajudou a ter vida.

Por falar em conexão, conheço uma menina que seu pai preferiu que a matassem antes de nascer por medo de não poder criá-la com uma educação devida. A mãe dela foi contra o seu aborto e assumiu aquele bebê por causa de seu elevado instinto materno. Ela nasceu adorando o pai, e assim foram 9 anos de adoração mútua até chegar o dia em que ele lhe disse que ia se separar de sua mãe; entretanto, que voltaria a visitá-la de 15 em 15 dias para o resto da vida...

O que aconteceu depois disso é que aquele mesmo homem que nunca tinha mentido para ela naqueles 9 anos de muita pobreza material e frustração paternal sumiu fisicamente, para nunca mais voltar a se relacionar com a filha que tanto parecia adorar. Assim se foi sem nada explicar...

"Por que será que alguns pais se envergonham de explicar, hein?", a menina se perguntava, ao crescer sem casa pra morar ou família. Sua mãe não tinha condições financeiras suficiente para criá-la sozinha naquela época, e teve de doar sua amada filha de 11 anos para uma instituição governamental por um torturante período de tempo.

Passaram se muitos anos e todo o amor daquela criança foi transformado em ódio (que é o oposto do amor). Até que um belo dia ficou curiosa, e resolveu procurar o pai para saber o porque de seu desaparecimento: foi aí que descobriu que era tarde demais, seu adorado pai havia falecido sem ter tido a oportunidade de esclarecer em palavras tudo que havia sentido.

Aquela menina era eu... Estou dividindo minha história porque pode ser que você ou outra pessoa que conheça precise de um aviso como esse para usar a oportunidade que ainda está ao seu alcance e aliviar sua dor com quem merece dividir. Quem sabe talvez tenha alguma coisa mal resolvida do passado com seu pai, e não tenha coragem para começar um diálogo como eu?

De uma coisa tenho certeza: nenhum de nós vai viver para sempre e um dia, puff! Todos nós vamos bater as botas...e cair fora.

O alívio de expressar nossa emoção faz um bem enorme para nós mesmos. E pode até ser que seu pai talvez tenha controlado a emoção dele durante anos para se fingir de forte e dizer, batendo no peito, - “Sou homem! E homem que é homem não chora! Sou forte, etc. (a verdade é que tanto o homem quanto a mulher tem emoções que precisam ser liberadas, mas só que o homem tenta controlá-las, e por isso as estatísticas mundiais provam que os índices de morte por ataque cardíaco entre eles é muito maior em número do que entre as mulheres).

Se eu pudesse voltar o tempo e tivesse a oportunidade de ver meu pai carnal vivo, sabe o que eu lhe diria? Eu lhe diria, sem pestanejar, que o amo e nada do que não fez mudou isso dentro de mim... sabe por quê? Eu o perdoei, porque depois que passei a ser mais curiosa sobre a vida dele, aprendi que seu passado também não foi brincadeira e sua agonia interior não foi sem razão: isso não quer dizer que concordo com o fato de seu desaparecimento e desamparo, mas ajuda a criar mais lógica e, portanto, mais a compreensão do que o julgamento de minha parte.

De todas as nossas experiências, uma das mais divinas é o laço que temos com nosso pai, seja ele positivo ou negativo. Quando vejo um pai carregando uma criança ou brincando com seu bebê, penso no quanto é divino o sentimento entre um pai e um filho...

Se você é aquele bebê que cresceu não dando valor a seu pai por qualquer razão que seja, lhe pergunto o seguinte: estaríamos aqui se não fosse pelo único espermatozóide daquele homem? Então viva o espermatozóide dele pelo menos, né? Caso não veja nada em seu pai que lhe honre, pelo menos isso você não pode se negar a ver...e comece a ter gratidão por aí... e agradeça a ele pelo menos por isso, ué!

Agora, se seu pai for um pai exemplar, parabéns!, ganhou na loteria, aproveite seu relacionamento com ele e sempre lhe diga o quanto sua gratidão é grande por ter sido criado(a) e apoiado(a) por tantos anos.... Tudo que puder fazer para demonstrar sua gratidão faça, não só nos dias dos pais, mas sempre que puder: é sempre gratificante saber que nossas constantes provas de carinho através de nossas ações positivas, são reconhecidas, principalmente por nossos entes mais amados.

Quanto aos que têm um relacionamento com os pais minado por coisas ultra-“passadas” , lhe desejo a sabedoria de tomar coragem e expressar seus sentimentos sem julgar, pois a verdade irá lhe colocar em uma posição de vantagem, mesmo que seu pai fale alguma coisa que lhe pareça rejeição. Muitas vezes o homem tem vergonha de sua posição e fala ou faz um monte de besteira para disfarçar a insegurança e a falta de ação.

Hoje em dia me comunico com meu pai através de pensamentos, mas nada se compara à experiência de um olhar unido ao sorriso dizendo – “Te amo pai...obrigado por me dar a vida, apesar de tudo”. Teria sido muito gratificante para ambos, tenho certeza.

Se tiver a oportunidade de fazê-lo, não perca, isso é uma das coisas na vida que muitos não tiram vantagem e é uma das experiências mais divinas que podemos nos dar de presente no dia que celebram na Terra o Dia dos Pais....





A autora é a única brasileira no mundo que combina intuição Xamanica com técnica americana de coaching (treinamento) para ajudar pessoas a adotar atitudes positivas e poderosas que irão eliminar o estresse e injetar paixão na vida profissional assim como a pessoal. Lygya Maya viveu no exterior por 29 anos, e já se apresentou em vários programas de radio e TV Americana (WB11, Fox, CBS, E NBC), além de ter sido mencionada em jornais como o New York Times, New York Post, Daily News, e em revistas como Vanity Fair, Essence, Time Out de Londres. Ela foi uma palestrante da companhia de Anthony Robbins (mestre motivador americano) viajando o mundo em sua companhia por 3 anos e agora volta a morar no Brasil e escreve dicas poderosas e realísticas para você criar uma vida extraordinária. Seu site.

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