Você sabe com quem está falando?

Existe uma confusão entre os termos “surdo” e “surdo-mudo”. Em geral, uma pessoa surda não é muda. Ela só não fala porque não consegue ouvir nem a sua própria voz.

Pensando nisso, reflito sobre a importância do eco nas relações humanas. Podemos entender este eco como um retorno. Algo que sinaliza que nossos atos estão sendo percebidos e que o que estamos fazendo é importante para ambas as partes. Esta é a base do pensamento ganha-ganha, onde os dois devem estar preocupados em compreender as mensagens que são passadas e com real interesse no outro.

Esta sintonia se manifesta através da identidade de comportamentos, de discursos e de atitudes. Algumas vezes, nos dedicamos a uma pessoa oferecendo oportunidades, conselhos, informações etc, incluindo-a em nosso convívio. Esta pessoa precisa estar sintonizada conosco para que as nossas atitudes sejam percebidas por ela e que possamos perceber atitudes semelhantes de volta. Quando isso não ocorre, a sensação que temos é a mesma de falar com um fone de ouvido tocando uma música alta, onde não conseguimos ouvir nossa própria voz e não sabemos se estamos sendo ouvidos, e acabamos gritando. Ou tentar fazer gestos silenciosos na mais completa escuridão, em uma situação onde não conseguimos ver nosso próprio corpo.

Nestas horas, temos que tomar a decisão de mudar de linguagem. Tudo aquilo que dizemos através de nossas atitudes não está gerando eco do outro lado. Precisamos comunicar nossas intenções e nossos objetivos de uma outra maneira. Em caso disso não ser mais possível, devemos mudar de interlocutor. Falar e não ser ouvido, mostrar e não ser visto ou fazer e não ser percebido é como jogar pérolas aos porcos.

Muito do sofrimento humano é causado por expectativas que são frustradas. É comum que esperemos que as demais pessoas pensem como nós e que gostem das mesmas coisas. Só que isso não é verdade. Cada pessoa tem sua formação, seu meio de convívio, sua faixa de idade e seus grupos e tribos bem definidos. Esperar que qualquer pessoa esteja alinhada conosco é um desperdício muito grande de tempo e esforço. O melhor a fazer é desenvolver a habilidade de perceber, o quanto antes, se estamos falando com a pessoa certa, que esteja preparada para nos ouvir.





O jornalista Marcello Pepe (MTB 19259/MG) trabalhou por muitos anos para o jornalismo brasileiro nos Estados Unidos, onde pode editar, redigir e diagramar vários periódicos brasileiros. Lançou em 1997 o premiado PlanetaFax, sendo o primeiro informativo diário em português nos EUA. Atualmente, é gestor do Relaciono, professional coach, palestrante e professor de comunicação em público. Confira o novo blog de Marcello Pepe em www.marcellopepe.com

O conteúdo veiculado nas colunas é de responsabilidade de seus autores.