Quem te viu, quem te lê...

A comunicação e o relacionamento interpessoal caminham lado a lado. É muito importante causar uma boa impressão ao se conhecer alguém, ao ter a oportunidade de conversar um pouco pessoalmente ou ao fazer uma apresentação em público. Uma boa comunicação verbal, com toda certeza, vai projetar sua imagem e conquistar novos amigos e, quem sabe, fãs.

Há alguns anos, alunos de uma faculdade tiveram acesso a um livro fantástico que abriu seus horizontes e os levou a discutir suas ideias revolucionárias. O autor daquele livro conquistou muito mais que fãs, criou um séquito de fiéis leitores e admiradores que, ao longo daquele semestre, tomavam suas palavras como a absoluta verdade, a síntese do saber, a eloquência da disciplina.

Estimulados por seu professor, aqueles alunos tomaram a decisão de convidar o autor a apresentar uma palestra sobre o assunto tão divinamente desenvolvido através dos capítulos de seu livro. Entraram em contato por e-mail para fazer o convite, consultando qual seria o custo para que ele apresentasse o trabalho para os alunos da faculdade. Surpreenderam-se com o pronto aceite e por saber que só precisariam pagar as despesas de deslocamento e hospedagem. Fecharam o acordo imediatamente.

Ao receber o palestrante no aeroporto e levá-lo até o hotel, os alunos ficaram maravilhados em como ele era um homem tão comum, tão simples e, até mesmo, um pouco tímido ao falar. A surpresa maior ficou para a noite da apresentação. Auditório lotado, alunos entusiasmados para ouvir os comentários daquele gênio. Em poucos minutos do início de sua palestra, ninguém conseguia acreditar que estava diante da mesma pessoa, tal a incompetência e insegurança ao falar diante da plateia. O palestrante não encontrava as palavras, falava olhando para baixo e não conseguia desenvolver um único raciocínio de forma tão eficaz quanto no seu livro. Ficava no ar, inevitavelmente, uma pergunta de todos. Será que pegamos a pessoa errada no aeroporto? Ou não foi ele quem escreveu o livro?

Todos conhecemos pessoas que escrevem muito bem, articulam na linguagem escrita como poucos jornalistas de renome, discorrendo brilhantemente através das linhas de seus textos, demonstrando habilidade, coragem, força e vigor em suas palavras. Toda uma energia que não encontra eco na sua apresentação pessoal. São pessoas que, ao se apresentar em público ou, até mesmo, em uma pequena roda de amigos, já não manifestam a mesma destreza em sua comunicação. Às vezes, chegamos a pensar não se tratar do mesmo indivíduo.

Existe, também, um aspecto inverso, onde pessoas que se comunicam muito bem pessoalmente, conduzindo agradáveis conversas ou palestras, ao serem submetidas ao desafio de registrar seus pensamentos, conhecimentos e opiniões de forma escrita, mostram-se incapazes de desenvolver a mesma destreza, gerando textos de qualidade inferior e com gramática ou linguagem desestimulantes, que, da mesma forma, não ecoam no papel a eloquência encontrada na sua apresentação pessoal.

Em sua comunicação, busque o equilíbrio entre a linguagem escrita e a comunicação oral. Escrever bem é um passo dos mais importantes para se ter um bom discurso e você deve ter atenção também na comunicação pessoal. Pratique sempre que possível para que sua imagem seja projetada com qualidade tanto em sua apresentação pessoal como na forma escrita.


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O jornalista Marcello Pepe (MTB 19259/MG) trabalhou por muitos anos para o jornalismo brasileiro nos Estados Unidos, onde pode editar, redigir e diagramar vários periódicos brasileiros. Lançou em 1997 o premiado PlanetaFax, sendo o primeiro informativo diário em português nos EUA. Atualmente, é gestor do Relaciono, professional coach, palestrante e professor de comunicação em público. Confira o novo blog de Marcello Pepe em www.marcellopepe.com

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