Comprometimento e pontualidade

A reunião, marcada para as duas da tarde já havia iniciado quando chegou um dos participantes que, estarrecido, olhou para o relógio, que marcava duas e quinze. Reclamou do fato da reunião já ter iniciado: – “Como pode? Estava marcada para as duas horas e já começou?!?”

Em uma outra situação, uma reunião com três empresários foi agendada no escritório de uma das empresas participantes do negócio. Eu já me dirigia ao local marcado quando, uma hora antes, o outro participante da reunião entrou em contato pedindo para adiar aquele compromisso pois ele estava com dificuldade de comparecer, pois tinha algo importante para fazer. Eu lhe respondi imediatamente: – “Sim, eu sei! A nossa reunião.”

Para pessoas sérias e compromissadas, pode até parecer brincadeira, mas eu já fui vítima de situações como essas, narradas acima, onde o comprometimento, a pontualidade, a assiduidade e a palavra parecem não ter grande valor para algumas pessoas.

Honrar um horário combinado não é ser chato ou “Caxias”, como chamavam antigamente em referência ao Duque de Caxias, que trabalhava com dedicação e levava tudo a sério. Chegar ao seu compromisso com alguns minutos de antecedência ou, pelo menos, na hora combinada, significa, antes de mais nada, que você respeita o tempo das pessoas.

Se alguém se atrasa a um compromisso agendado com você, esta pessoa está dizendo, em outras palavras, que o tempo dela vale muito mais que o seu, pois você pode aguardar que ela chegue, mas ela não pode sair um pouco mais cedo para cumprir o horário acordado.

É claro que precisamos saber separar o que é um comportamento ocasional, acidental e sem qualquer frequência de um hábito. Conheço pessoas que têm o hábito de chegar atrasadas e vivem em um outro fuso horário. Marcam reuniões para uma determinada hora, sabendo que as pessoas vão chegar atrasadas. Com isso, os participantes que mereceriam o maior respeito, exatamente porque respeitaram o combinado, acabam sendo punidos pelo seu bom comportamento, tendo que aguardar a chegada dos retardatários.

Se você entende que esta é a cultura de nosso país e que temos que aceitar as coisas como são e “dançar conforme a música”, desta forma não poderemos modificar estes hábitos e nem melhorar nossos relacionamentos e nossos negócios.

Ao agendar um evento e determinar o horário de início e todos estarem cientes, faça o “sacrifício” de iniciar na hora combinada, demonstrando respeito às pessoas que chegaram no tempo certo. Se, em vez disso, a nossa atitude for aguardar pela chegada dos demais participantes, dizendo aquela típica baboseira: – “É, gente. Deve ser o trânsito. Vamos esperar mais meia-hora”, como se o trânsito tivesse sido diferente para quem chegou na hora, eu tenho certeza que, no próximo compromisso que você agendar, até mesmo as pessoas (antes) pontuais vão passar a chegar com atraso também.

A pessoa que se atrasa em um compromisso não deve ser humilhada em público, nem repreendida. Isso não é necessário. Deve ser tratada com a mesma indiferença com que tratou o seu compromisso. Agradeça pela presença e siga em frente.

Uma solução que eu aplico em meus eventos, cursos, reuniões e demais compromissos é a hora de início e a hora de término. Não ter um horário pre-definido para a conclusão acaba dando uma certa liberdade de tempo e pode transmitir esta sensação de que a agenda não é rígida. Quando alguém marcar uma reunião com você e você acreditar que aquela pessoa pode atrasar, estabeleça o horário inicial e o final. Evite dizer que a reunião terá trinta minutos ou uma hora. Prefira dizer a hora de término. Desta forma, caso a pessoa se atrase vinte minutos, por exemplo, avise, logo à chegada, que teremos que correr um pouco, pois temos vinte minutos a menos para conversar.

Agora, muito mais sério do que o atraso em compromissos, é o elemento simplesmente não aparecer. Há pessoas que confirmam presença em qualquer evento que surja à sua frente, até mesmo os que conflitam com outros compromissos. Depois, simplesmente não comparecem, como se isto não fosse macular sua imagem. Dão alguma desculpa do tipo “surgiu um imprevisto” e seguem a vida... Tolinhos.

Se marcar um compromisso com alguém, honre a sua palavra e trabalhe sua agenda de forma que consiga cumprir diligentemente. Tolerância ou resiliência é uma coisa... agora, desrespeito aos compromissos é um veneno para a imagem pessoal.


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O jornalista Marcello Pepe (MTB 19259/MG) trabalhou por muitos anos para o jornalismo brasileiro nos Estados Unidos, onde pode editar, redigir e diagramar vários periódicos brasileiros. Lançou em 1997 o premiado PlanetaFax, sendo o primeiro informativo diário em português nos EUA. Atualmente, é gestor do Relaciono, professional coach, palestrante e professor de comunicação em público. Confira o novo blog de Marcello Pepe em www.marcellopepe.com

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