Mala na Mão & Asas Pretas

Este segundo volume das Obras reunidas de Roberto Piva traz quatro livros publicados entre 1976 e 1983: Abra os olhos e diga Ah!, de 1976, cuja edição original, hoje raríssima, deveu-se ao fino faro de Massao Ohno, responsável pelo lançamento de alguns dos melhores e menos conformados escritores das décadas de 1970 e 80 no Brasil; Coxas, publicado em 1979 pela editora Feira de Poesia, com coordenação gráfica do mesmo Massao; 20 poemas com brócoli, de 1981, também editado por Massao Ohno, desta vez em associação com Roswitha Kempf; e Quizumba, lançado pela Global em 1983. A reedição integral desses livros e agora acrescida dos manifestos poéticos esparsos que Piva publicou entre 1983 e 1984, aqui reunidos sob a rúbrica o século XXI me dará razão, que retoma o título de um deles. O conjunto testemunha a plena maturidade poética de Roberto Piva. Nele, entre tantos aspectos de seu interesse, não é menor o que diz respeito ao limite, por vezes tênue, entre prosa e poesia, a ponto de vez ou outra se resolver -como no caso evidente de Coxas -em favor de uma espécie de forma narrativa livre. Poesia, aqui, muitas vezes é o que pontua a prosa, o que a precipita ou se encavala nela, mas não necessariamente o que domina o andamento discursivo ou o que existe numa medida rítmica reconhecível. Outras vezes, ao contrario, as medidas existem e são construídas com mestria, ainda que se distribuam espacialmente de maneira pouco ortodoxa. Esse e um ponto importante, que me parece ainda não ter encontrado discussão satisfatória entre os críticos ou admiradores da obra de Piva, e aqui o menciono apenas como uma dívida de seus interlocutores. Tenho vontade de dizer que a poesia de Piva precisa de mais leitura, mais estudo e menos torcida, mas talvez seja apenas impropriedade de crítico e me calo.





Editora: Globo



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