Dedal de Areia
A principal marca do discurso poético de Antonio Brasileiro é a leveza. Leveza que pode ser vista na linguagem alada, sem os lastros da erudição vazia ou do derramamento lírico. Seus poemas não cansam, levando o leitor numa leitura fluída, sem obstáculos e sem tropeços, num tom coloquial mesmo quando aborda questões mais densas. Se são primorosos seus dísticos e seus poemas menores, o mais extenso deles - "O Cavaleiro" - apresenta o poeta como um Quixote, um homem que persiste em sua aventura de percorrer palavras, buscando a grandeza que muitas vezes está apenas em seus próprios ensandecidos. Soma de outros cavaleiros, ele é um ser que existe mesmo no silêncio em que vive. Este seu isolamento demonstra que tudo, até o maior sucesso é frágil. O poeta-quixote dialoga com seu escudeiro e se dá por satisfeito com este interlocutor, confessando escrever para os amigos. Eu completaria, não para seus amigos particulares, mas para os amigos da poesia.
Editora: Garamond
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